segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Capítulo 5- Guerra

Aquen, sala do rei, noite.
- Ora, vejam só. Você é o filho de Nakamura, não é, meu caro?
- S-sou sim, senhor. - Ayumu confirmou, com um guarda segurando sua cabeça e forçando-a para baixo, como se querendo obrigar o garoto à reverenciar o rei.
- Interessante, muito interessante. - Diethel olhou pra um dos guardas. - Mande as tropas alertarem Nakaruma de que estou com o filho dele.
- Sim, senhor.
- Mas mande isto em forma de bomba. - Diethel sorriu, e o guarda o acompanhou na risada. - E leve o garoto para as masmorras, sem comer NADA.
Enquanto isto, Lyserg ouvia tudo do outro lado da porta, e tremeu ao perceber que Ayumu não sobreviveria sem comida ou água.
Duas horas depois, Diethel já havia ido dormir e o castelo estava silencioso, mesmo que alguns guardas estivessem rondando por ali. Ayumu não queria nem imaginar o clima que deveria estar em Farun, gente sendo acordada por bombas, sem saber o que estava acontecendo!
Sua barriga roncou, e já não era o primeiro ronco. Iria morrer de fome, sabia que ninguém iria ajudá-lo, afinal, até o próprio pai o odiava!
A garota da fronteira devia o odiar também, por causa do Tom, o rei deste local também deveria... Que droga, todos odiavam ele, e ele nem sabia o motivo!
Não havia chance, ninguém iria ajudar ele agora. Só um milagre faria ele se salvar.
- Alô. - Alguém sussurrou, perto dele. - Faça silência, vou te tirar daqui.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Capítulo 4- Perda

Ayumu se virou, em pânico, sabendo que desta vez não seria nenhum lobo perdido. Deu de cara com uma garota de sua idade, baixinha, pálida, de cabelos e olhos extremamente pretos e uma cara de enfezada. Não olhava para o garoto, e sim para o lobo.
- Tom, já disse para não fugir de mim! - Ela andou até o lobo, mansamente, e o pegou. - Se descobrirem que eu estou aqui, minha mãe vai me matar!
Ayumu continuava em choque.
- Ei, obrigada por pegar o meu lobo. - Ela sorriu e o garoto sorriu de volta, com dificuldade.
- D-de nada.
Conversaram um pouco, timids, até que Tom escapa dos braços da mocinha e se embrenha pelos arbustos que cobriam o muro, revelando um pedaço quebrado.
- Ah não! E agora? Não posso entrar lá, é proibido! - A mocinha desesperou-se. - TOM! - Assoviou alto, sem respostas.
Ayumu se aproveitou do momento. Caso alguém pegasse ele, falaria que estava atrás do lobo da moça, parecia uma ideia perfeita!
- Eu busco ele! - E entrou no pequeno buraco quebrado no muro.
- TOOM! - Ele gritou, tentando assoviar (Não sabia). - TOOOM?
- Ora, o que temos aqui? - Um guarda segurou o braço de Ayumu, quase torcendo-o, outro chegou por trás e o imobilizou. - O filho do porco Nakaruma! O Rei gostará de saber disto. - O guarda que ia na frente cuspio no chão ao falar de Nakaruma.
- E-eu só vim buscar meu lobo! - O garoto gaguejou, morto de medo. Viu Tom passar correndo por ele, querendo voltar ao buraco, mas o lobo não passou despercebido ao guarda de trás.
- Ah, você é o sarnento que está mostrando a falha no muro para todos, não? - E chutou Tom, que bateu no muro com força e ficou imóvel.
Uma garota de olhos negros engoliu um grito.

Capítulo 3- Susto

Farun, muro do castelo, tarde da noite.
Um serzinho encapuzado subia em uma árvore, tentando chegar ao topo do muro do castelo. Não podia ser visto pelos guardas do pai, então estava tomando o cuidado de não fazer barulho.
Conseguira chegar até o topo do muro, mas não fazia ideia de como deceria, o muro era alto!
Deveria arriscar, se quisesse saber mais sobre o muro da fronteira! Pulou e, por incrível que pareça, só ralou um pouco o cotovelo.
Saiu correndo para o vilarejo, silencioso à essa hora. A lua estava cheia, e no meio do céu. Os lampiões da vila estavam todos apagados.
O garoto se abrenhou pelas casas até elas irem ficando raras e virar só vegetação, sem cabanas. Entrou no bosque das fronteiras de Farun, até chegar perto do muro. Colocou as duas mãos nele.
- Então, o que será que tem do outro lado? - Ele disse, baixinho, para si mesmo.
Olhou para as árvores, pensando em algum modo de atravessar o muro, mas nenhuma árvore chegava perto o suficiente dele e os arbustos que envolviam ele eram curtos demais.
Ouviu algo se mexendo atrás dele e, quando se virou assustado, seu coração voltou a bater quando viu que era apenas um lobo. Era um filhote cinza de olhos azuis, e parecia animado. Ayumu aproximou-se e começou a fazer carinho no lobo, mas, sem perder tempo, voltou a examinar o muro.
"Talvez se eu tentar escalar... Não, não daria certo, não tem um buraco para apoiar os pés!", pensou o rapaz, concentrado.
- AHÁ! Aí está você!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Capítulo 2- Fronteiras

Fronteira de Farun e Aquen, seis anos depois, tarde.
- Entenda, Ayumu. - Nakaruma observava o muro junto ao seu filho de sete anos, um garoto magrelo, de cabelos negros e lisos, e olhos igualmente pretos. - Este muro é o que nos separa dos porcos que moram do outro lado. Nunca deve passá-la, ou causará uma grande guerra, sabe.
- Por quê, pai? - O garoto perguntou.
- Não faça perguntas e não me chame de pai. - Nakaruma respondeu, ríspido. - Sabe que, quando estamos juntos à clero, sou seu rei.
- Sim, magestade, perdão. - o garoto corrigiu, tremendo. Não era dificil o pai dar-lhe umas bordoadas, e queria evitar isto à qualquer custo. Mas aquele muro continuava intrigando-o.
Nakamura falou, atrapalhando os pensamentos secretos do filho.
- Não quero você por aqui, nunca. Aliás, sabe que não quero você fora do castelo sem a minha permissão, como anda ocorrendo. Espero que meu úlimo castigo tenha servido de lição.
Serviu sim. Ficar três dias confinado, sem comer, em seu quarto não fora uma experiência muito boa, na opnião do garoto.
Subiram na carruagem real, que os levou para o castelo.
Aquen, sala de treinos, tarde.
- Lyserg, segure esta espada direito. - Diethel disse, com um toque de desprezo.
Lyserg era seu filho, de sete anos. Olhos e cabelos verdes, branquelo e com uma expressão de pura concentração. O garoto estava com uma espada pesada em mãos, e tentava golpear o pai com ela, mas sua força de criança não permitia força, apenas rapidez.
- Estou tentando, senhor! - Ele disse, alarmado, e recebeu um tapa na cara.
- Olhe como fala comigo, Lyserg. - O pai continuava calmo.
- Perdão, senhor.
- Futuros reis devem saber lutar magnificamente bem. Não será um bom rei se não souber cortar uns pescoços.
- Aprenderei, senhor, eu juro.
Um dia típico na vida do garoto.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Capítulo 1- Tratado

Aquen, sala de reuniões, anoitecer.
Dois homens estavam sentados, um na frente do outro, no rico aposento.
- Estou lhe avisando, Diethel. - Um deles disse, calmo, porém severo. - Não quero gente da sua laia pisando em meus terrenos.
- Ora, ora, Nakaruma. - O outro respondeu. - Posso lhe certificar que ninguém de Aquen está pisando em Farun, estou tomando providências para que isso não ocorra, ou os aquerianos podem se contaminar com vossos germes. - Diethel sorriu. Usava belas vestes e uma coroa de ouro na cabeça. Tinha os cabelos loiros e os olhos verdes, com um brilho diferente deles.
Nakaruma estalou os dedos. Usava vestes igualmente caras, mas sua coroa era de prata. Tinha cabelos negros penteados pra trás, e olhos também negros.
Na porta, dois guardas apareceram, segurando um rapaz com a cabeça baixa, parecendo machucado.
Nakaruma se levantou, ainda calmo, e se aproximou do rapaz, arregaçando a manga dele e mostrando o pulso do desconhecido para Diethel, que viu uma gota azul tatuada ali. O símbolo de Aquen.
Nakaruma deu um tapa no rosto do rapaz e voltou a sentar.
- Parece que suas providências deram errado, Diethel. - Ele comentou, irônico, Diethel olhou o desconhecido.
- Matem-no.
Os guardas se retiraram com o rapaz, enquanto Diethel levantou e pegou um pedaço grande de pergaminho enrolado, esticou-o na mesa, onde um mapa surgiu.
- Direita inferior, Farum. Esquerda inferior, Aquen. Em cima, apenas mar e a pequena ilha do Ezílio. - Ele continuou. - Devemos construir um grande muro separando Farun de Aquen e vice-versa.
- De acordo. Mas aviso-lhe. Se alguém de Aquen tornar a passar um pé que seja em Farun, destruirei esta cidade.
Diethel riu.
- Digo-lhe o mesmo, meu caro, já que faz tempo que quero ter aquela estalagem que você chama de reino.
Apertaram as mãos e foram embora, sibilando maldições um para o outro.

N.A.: Tive que recomeçar a fic pq o Orkut me excluiu, espero que gostem do novo começo. ;*